sábado, 22 de janeiro de 2011

Grande Anita



Por Renato Schorr


Cinzas de Anita Garibaldi




 
            Havia poucos dias um grupo de jovens europeus, canadenses e norte-americanos aportaram no Rio Grande do Sul, resultante dos intercâmbios de Lions e Rotarys, sendo acolhidos nas residências de jovens rio-grandenses, que haviam viajado para aqueles países e, nessa oportunidade fomos convidados para realizar atividades, dentre eles, tiro de laço e cevar o mate. Nas prosas questionamos duas genovesas se conheciam Josep Garibaldi, quando taxativamente afirmaram e Anita também! Bueno, a prosa se tornou mais interessante e logo passamos a condição de atento ouvinte, eis que em Gênova, existem monumentos em homenagem aos dois personagens. Anita e Garibaldi. Heróis de dois mundos. Maravilha!





            Nesse momento é preciso repor a carreta no tempo e mergulhar no passado, rebuscar do fundo do tempo personagens fortes, de uma autenticidade fantástica. Os carbonários que percorriam o mundo semeando a liberdade, em séculos passados, sabiam das razões que os moviam em épocas e situações atípicas e incomuns para realidades dispares, se propunham a lutar na companhia de guerreiros desconhecidos, eles, vindos de mares distantes, falando uma língua enroscada de difícil compreensão, mas propagando os mesmos ideais libertários!!!
            A expressão liberdade possui um alcance enorme e cotidianamente nos acompanha, persegue e nos afronta! O lixo jogado na natureza e nas águas se constitui numa afronta. A utilização errônea das encostas resultando em deslizamentos é outra afronta ao meio ambiente, mas também ao conceito de liberdade da natureza. Os deslizamentos frequentes e desastres humanos são consequências dos nossos atos impensados. A nossa ação gera uma reação da natureza.





            Bem assim, a situação da mulher de hoje, num passado não longínquo era considerada um objeto, somente adquirindo direitos substanciais no Brasil, no governo do Presidente Getúlio Vargas, ainda que parcial. Mas Anita a seu modo e seu tempo, bem antes disso, causou uma revolução nos conceitos e dogmas sociais, lutando pela própria liberdade conjugal, coisa nunca antes vista nos rincões continentinos. Ademais, montando no pingo, assoviando, deu vivas à liberdade e nisso não foi invejada, mas sim, espiada pelas frinchas dos ranchos por onde passava feito uma vanguardeira destemida que os homens detestavam, ao mesmo tempo admiravam, e as mulheres a aplaudiam silenciosamente. Anita uma catarinense que se tornou guerreira farrapa gaúcha, uruguaia e italiana. Por certo muitas línguas lhe desmereceram, embora, quisessem reverenciá-la, mas coragem lhes faltasse.
           

              Laguna guarda somente uma tesoura objeto pessoal do acervo de Anita, além de cinzas, na casa que lhe serve de museu, junto a diversos móveis doados pela comunidade, todos do século XVIII, compreensível, pois naqueles idos, poucos pertences guarneciam as casas e, diante da situação especial que envolveu o rompimento da relação conjugal, quiçá, nada havia que pudesse carregar para acompanhá-la na partida.







            Todavia, restou um dos maiores exemplos na história da humanidade, comparável ao feito de Joana D´Arc, por igual, guerreira de grande coragem. Anita é hoje um simbolismo das mulheres, pelo mundo afora, em especial, dessas bravas gaúchas que construíram a grandeza do Rio Grande a partir da Revolução Farroupilha. Quando se levantam as bandeiras femininas, podem crer, lá está soerguida a imagem e a estampa dessa brava mulher – Anita -, mulher estandarte.

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