sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Missões ou reduções jesuíticas por Renato Schorr








Redução: ato ou efeito de reduzir; abatimento; abreviação; ação de subjugar.
            Missão: ação de enviar; incumbência; comissão diplomática; sermão doutrinal; estabelecimento de missionários; obrigação; propaganda.
            Missões era o termo largamente empregado nas iniciativas religiosas que visavam propagar o cristianismo, ao tempo em que aquela instituição passou a operar na América. Após se solidificar no Paraguai tentou proceder da mesma forma no Brasil, fato consumado por volta 1625, após longa negociação do Padre Roque Gonzales com o Cacique Nheçu e outros líderes nativos.
Embora haja alguma semelhança há uma diferença descomunal entre missões e reduções, ainda que ambas as palavras fossem objeto de intensa utilização no contesto da Congregação. Diante do processo empregado através da Instituição de Inácio de Loyola, um povo liberto experimentou o cerceamento, embora estivesse dentro de seus próprios domínios territoriais. A nação silvícola conheceu o processo reducional! Confinados, para serem mais facilmente dominados, sob o argumento de cristianizá-los, converte-los! Mudar-lhes as crenças, formas de vida, religiosidade, hábitos alimentares, entre outros.
            Uma questão ainda não esclarecida na plenitude está relacionada à servilidade ou não da Companhia à Coroa espanhola. Sabe-se que no pós guerra guaranítica, os Jesuítas foram expulsos pelo Rei, por uma série de razões alegadas pelo Estado hispânico. Há duas correntes fortes, uma firma a subserviência ao Rei, outra, todavia, se opõe radicalmente, exaltando o cunho religioso, manto sob o qual, a Companhia de Loyola teria atuado na América.
Uma terceira corrente sinaliza a mudança de rumos no decorrer da história, insinuando que na atuação dos Jesuítas estariam presentes os sinais da criação de um Estado independente.
Enquanto uma das razões alegadas pelo Rei de Espanha para justificar a expulsão, centrou-se sobre a falta de recolhimento de impostos à Coroa, enquanto na fonte (redução), ditos impostos seriam objetos de cobrança. Alguns manifestam que havia suntuosidade nas hostes dominantes, enquanto na estrutura dos nativos, se sobressaia na simplicidade.
             Embora seja grande a caminhada nas missões, os versos que seguem em Vestígios de Paredes, traduzem uma realidade inconteste no cenário.


Vestígios de Paredes

Doze sinos badalam
De hora em hora
São mecânicas canções
Em sinfonia de orquestras.
Cinco mil almas
Respiram castiçais.

Canhões cospem fogo,
Badalam chumbo,
Perfuram alma e coração
Sucumbem vidas preciosas!
Por que não trouxeram carinho
Amor e fraternidade?

Contracapa da história
Brilham tesouros,
Vitrais guaranis.
Reluz o ouro do tempo
Nas tumbas sem cruzes, sem nomes...
Marcas de quem tombou!

Ventos uivam triunfantes
Sobre carnais ilusórios!
Os ventos uivantes
Aguçam o imaginário dos passantes!
Seriam os ventos presságios
De tempos de esperança!?

Nas velhas paredes
Não badalam sinos, nem sonhos...
Pousam os olhos dos poetas
São olhares de repúdio à covardia!

Em vã filosofia, as velhas pérolas,
São hinos de paz e melodia.

           


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