Pelo ponteiro Lisandro Amaral...A vida é um pingo em tropeço...

Considero a vida - um bom cavalo - que, costumeiramente chamamos pingo, aqui neste resto de mundo, ou refúgio verde, onde a água custa a cair do céu. Talvez para ser realmente tão valorizada, quando entropilhamos pingos de chuva, no poder infinito das mãos.

Estive ausente deste espaço, provavelmente por ter planchado o pingo no pasto seco de um dos meus dias de cavaleiro errante. Pingos dos olhos, pingos da alma e muitos pingos verteram do corpo em regeneração.

Reconstruir a pisada é como reescrever a vida com pingos de uma tinta de melhor qualidade, o papel das primeiras páginas, esteve borrado, mas finalmente mudamos a folha e encontramos a chave que estava perdida, e agora, abre a janela para a luz entrar inundando o pergaminho vital, com pingos de bênção e claridade.

Quando a amiga Ana Feltrin comentou comigo o nome deste espaço, imediatamente me veio a imagem desgastada, de expressões gauchescas, na boca de falsos gaúchos, conhecidamente habitantes dos fins de semana num evento campeiro, ou nos comemorados vintes de muitos setembros. Tentou convencer-me, que de Pingo Alçado No Freio, chegaríamos ao entendimento dos leitores. Torci o pouco bigode indígena que tenho, e sem direito de não concordar, obviamente, não concordei e encerramos a ligação, ficando eu, o teimoso do lado de cá, com a famosa pulga picaneando a orelha do vencido. Ela do lado de lá vencedora e provavelmente sem a pulga.

Cinco meses se passaram e chegam estas palavras, feito o sopro costumeiro que anuncia-me uma nova canção...ou uns versos...

"a vida é um pingo em tropeço"

E os tacurus se esparramam

E quando os pingos derramam

No pano verde da vida,

Fica a consciência estendida

Na poeira, o tombo medido...

Lamenta o arrependido

Pingaço – rédea no chão –

Entrega e pede perdão

Ao seu guerreiro ferido!

A vida é sorte em rodada,

Pasto seco e umidade...

Pontear o som da saudade

É como estar na trincheira...

Furo de bala em bandeira,

Boi que refuga o rodeio

Tenho saudades do arreio

Por isso assim determino

Reescrever meu destino

De pingo Alçado no freio.

Lisandro Amaral -

07 de fevereiro de 2010.

Irmão, verdadeiro, irmão do coração, 

Não poderia deixar de escrever diante da grandeza de tua alma, sempre sincera. Sabes que NOSSA andança é longa e exatamente por isso és o ponteiro, seguro e firme.

Gracias!