São José dos Ausentes |
Por Adriano Lima
Quando eu era menino havia professoras numa escola bem simples no município de Gravataí, Rio Grande do Sul, que inventaram uma festa de São João, uma festa junina tradicional, como todas as de escola. Contudo, para mim naquela época havia grande diferença, era um acontecimento fantástico, eu estava vestido de caipira, com direito a chapéu de palha e bigode de rolha e participaria de uma encenação junto com meus colegas, o "palco" era uma área da escola, mas era o melhor e mais importante palco do mundo para mim, pois, na plateia me assistindo estava minha Mãe. Ouvimos aplausos de amor, mais do que pelo enredo da peça ou nosso talento!
Havia um sapateiro muito humilde em nosso bairro – Valmar andava sempre com um guarda-chuva pendurado no braço mesmo no mais ensolarado dos dias, Valmar gastava quase tudo que ganhava em uma paixão, o futebol, era treinador do nosso time, comprava uniformes, bolas, nos treinava três vezes por semana e jogávamos aos finais, valmar tinha um "arquivo" extremamente organizado onde anotava tudo sobre nossa "vida esportiva", gols, faltas a treinos ou jogos,etc. Sua única exigência era o boletim escolar apresentado a cada bimestre, notas ruins ou faltas a escola levavam todos nós independentemente de ser ou não o craque do time, ao "banco de reservas", brigas na rua ou alguma travessura, como uma pedra em alguma vidraça, era "banco" na certa, até nos treinos!
Hoje percebo que Valmar foi mais do que técnico do "time dos sonhos" de nós garotos pobres ele foi um gerente de vidas melhores, um administrador de valores que são imprescindíveis a todo menino, a toda criança! Vejo hoje como homem a importância desses momentos em minha vida, e agradeço as pessoas que os propiciaram do fundo do meu coração!
A criança é o solo fértil para o plantio da semente que irá reverter o triste quadro da falta de rumos que afeta a vida, a criança que recebe carinho, respeito, atenção e incentivo, não busca o desvio da violência, a dependência das drogas a crueldade como meio de vida. Nenhum vídeo-game é melhor que brincar com o pai!
Todavia, precisa "haver um pai para brincar", e somos nós os pais os formadores do caráter, os verdadeiros responsáveis por seres humanos "melhores" ou "perdidos”.
Reflitamos sobre o verdadeiro papel que temos: empenhamos a palavra dada? Caminhamos rumo ao amadurecimento, sem ludibriar, sem buscar máscaras, compreendendo o que significa a alma, a mente e o coração?
O caminho é longo! Para muitos como o trote do pingo. Para outros como um galope. Afinal, o que queremos?
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