O mate da amizade é bem fronteiriço com um amigo e irmão. Afinal, quantos aprendizados juntos, quando nossos pais moravam frente a frente, lá na Praça Artigas, na nossa Sant'Ana do Livramento. O companheiro de charla é Juliano Moreno Rodrigues - para nós da família - Feltrim, exemplo vivo de persistência, coragem e força de vontade. Porque enquanto muitos riam do jovem que queria cantar, ele sorria do mundo e cavalgava rumo à realização do sonho. Agora ai está poeta de raiz, verdadeiro cantor de essência e músico de alma pura e singela. Orgulho para todos nós, amigos e familiares. Exemplo que deve ser seguido por tantos jovens que crescem apenas pensando no sucesso e querem ver seus nomes nos mais altos lugares, esquecendo-se do respeito, lealdade e principalmente humanidade.
De a cavalo te abraçamos e te dizemos "mano" do coração - Tenha força, meta o cavalo, porque a vida é para os que são dotados de sinceridade em tudo o que fazem e dizem.
Quando criança Juliano o “Passarinho e o Marenco” cantando no rádio e imaginava que um dia eu seria um deles, pois naquela época o “Marenco”, por exemplo, era jovem e já trilhava seu caminho. Hoje temos que ter o cuidado com cada palavra, cada gesto, cada ação, porque somos observados por quem nos admira, não só fisicamente, mas na espiritualidade também. É assim que junto ao fogo de chão Juliano começa a nos ensinar um pouco mais da vida.
O começo foi trabalhoso...
"Tudo o que se faz com gosto, por prazer é trabalhoso no começo. Na minha trajetória musical não foi diferente, mas graças a “Deus” com o apoio dos meus (amigos, família) consegui vencer e hoje estar com três trabalhos solos gravados. A maior dificuldade foi vencer a barreira de não ser muito conhecido no começo, até mesmo por companheiros de arte que não dão o devido apoio, mas a gente mostra trabalho, mostra pra que veio e tudo dá certo, e hoje temos que dar suporte pra quem está chegando, pois com certeza serão o futuro da música regionalista".
Juliano os jovens tem oportunidades de iniciar no nativismo, de que maneira?
Creio que hoje é muito mais fácil o ingresso no nativismo. Lembro quando eu era iniciante existiam poucos festivais amadores no estado, íamos a Gauderiada mirim, Coxilha piá, canto moleque e era isso. Hoje as organizações de festivais se preocupam com quem está começando, o número de eventos é muito maior e automaticamente as oportunidades aumentam.
O homem com essência de fronteira é assim
Procuro o resgate sempre das coisas da minha terra, a minha fronteira de Santana do Livramento com Rivera. Sempre tento me espelhar na grandeza da arte dos mestres Adair de Freitas, Nelson Cardoso, José Rufino de Aguiar, Lauro Simões e tantos outros conterrâneos.
Tantos fazem a opção por residir na capital e tu fizeste por permanecer na tua terra. Como é conviver com este fato?
É maravilhoso, penso que a casa da gente é o lugar onde as melhores coisas acontecem. A família me dá tanto apoio que eu não consigo sair de perto. Esta história está mudando, tenho notícias de amigos, até mesmo conterrâneos que estão voltando depois de ter passado anos fora. O ar que se respira aqui é maravilhoso, nossos ventos estão impulsionando a economia, nossa água não existe outra igual, Santana do Livramento é maravilhosa, estes motivos me prendem aqui.
O que dirias para todos que participam contigo do movimento nativista.
Que sigam nesse caminho produzindo suas magníficas obras, somos ativistas da cultura regional, precisamos produzir coisas boas pra que a manutenção do movimento seja boa. Precisamos ter caráter para continuar, precisamos ser honestos para não iludir ou magoar quem está chegando no movimento.
O amigo da hora do mate dá até breve assim....
Não me considero poeta. Poeta eram os Simões (Lauro e João Lopez Neto). Me considero um cantor e melodista que depende de si mesmo pra cantar e compor. Graças a ajuda de tantos amigos e incentivadores que as vezes fazem obras pra gente cantar é que temos força pra prosseguir.
Juliano e chamamos Lauro Simões para te dizer assim:
"Ah!
A juventude de caminhos largos, a coragem e a fé!
Eu e o angico, de raízes firmes, nossas almas-pampa
De rondar estrelas e beijar a Lua!”
Parabêns a este cantor de alma.
ResponderExcluirParabêns pela entrevista minha amiga.
O mundo precisa disso de "almas-pampa" para levar adiante cada vez mais a nossa cultura adiante. Sem nunca deixar morrer essa nossa história que é maravilhosa e é só nossa. Só nós mesmos que entendemos e sabemos o real significado de sermos fronteiros, missioneiros, interioranos, serranos, urbanos, rurais, etc...SERMOS GAÚCHOS E AMAR ESSE CHÃO INCONDICIONALMENTE.
Grande abraço!
E parabêns mais uma vez ao Juliano e a ti minha amiga.
Cássio Simões Fruet
Obrigada pelo carinho! Contamos contigo. Abraço
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